Estudos de saúde sobre o vape
A cada semana são publicados, pelo menos, duas dúzias de novos estudos sobre o cigarro eletrônico. Muitos deles são direcionados à saúde. Eles geralmente são estudos médicos sobre riscos que o vapor pode trazer à saúde, pesquisas em juices ou em componentes nas essências ou até pesquisas sobre vape e dependência de nicotina. Alguns desses estudos são espalhados com tanto sensacionalismo quee criam uma enorme agitação na mídia, muitas vezes por causa de afirmações alarmantes dos cientistas ou, mais frequentemente, da assessoria de imprensa da universidade.
Nenhuma pesquisa sobre cigarros eletrônicos irá concluir que vaporar é “seguro”. Afinal, sempre que você inala uma substância estranha ou usa uma droga como a nicotina, existe algum risco incorporado a esta atividade. O consenso científico é que vaporar, em geral, é mais seguro do que fumar cigarros. Mas além do consenso de que o vape apresenta menos riscos que o tabagismo, as opiniões sobre os possíveis danos à saúde e os efeitos colaterais do vapor variam muito.
Como o vape afeta a saúde cardíaca, pulmonar e circulatória?
Não existe uma pesquisa sobre o uso do cigarro eletrônico a longo prazo, simplesmente, porque ele não existe há tempo suficiente – mas também – porque a maioria dos vapers era anteriormente fumante, e é provavelmente impossível separar os efeitos causados por anos de fumo, de sinais de possíveis problemas de saúde causados pelo vapor. É isso que torna este estudo sobre o vape, de 2017, único. Rastreou marcadores de saúde, por 3 anos e meio, em um grupo de vapers que nunca haviam fumado.
Os pesquisadores mediram cuidadosamente os marcadores de saúde cardíaca, pulmonar e circulatória, e os compararam a um grupo de controle de não-fumantes que também nunca haviam fumado. Os resultados foram uniformemente positivos. Os marcadores de saúde dos vapers não eram piores do que os não fumantes – mesmo aqueles que faziam uso mais constante do cigarro eletrônico.
“Embora não possa ser excluído que alguns danos possam ocorrer em fases posteriores, este estudo não demonstrou quaisquer problemas de saúde associados ao uso a longo prazo de [cigarros eletrônicos] em usuários relativamente jovens que também não fumavam tabaco”, escreveram os autores. .
Impacto na saúde com os cigarros eletrônicos: um estudo prospectivo de 3 anos e meio de usuários regulares que nunca fumaram – Riccardo Polosa, Fábio Cibella, Pasquale Caponnetto, Marilena Maglia, Umberto Prosperini, Cristina Russo, Donald Tashkin (Em inglês)
Quais sabores são preferidos pelos vapers adultos?
Dois artigos publicados em 2017 confirmam que os vapers adultos preferem sabores doces aos sabores do tabaco e que a maioria dos não-vapers supõe que os ex-fumantes também gostariam.
O primeiro estudo de sabor relacionado ao vapor usou dados de uma pesquisa de quase 21.000 vapers americanos em 2016 para mostrar que sabores de frutas e sobremesas eram de longe os mais populares entre todos os vapers – mesmo em “usuários duplos” (fumantes que também vape). O segundo artigo descreve a maior pesquisa já feita sobre as preferências de sabor dos vapers americanos. Mais de 69.000 vapers adultos participaram.
A pesquisa mostrou que mais de 80% dos fumantes atuais, antigos e que nunca fumaram, preferem sabores de frutas ou sobremesas / doces / padaria. E entre os que usam exclusivamente o vape, apenas 7,7% dos sabores representam os atabacados.
Mudando os padrões do primeiro sabor de cigarro eletrônico usado e sabores atuais usados por 20.836 usuários freqüentes de cigarros eletrônicos nos EUA – Christopher Russell, Neil McKeganey, Tiffany Dickson e Mitchell Nides (Em inglês)
Padrões de uso de cigarro eletrônico com sabor entre vapers adultos nos Estados Unidos: uma pesquisa na Internet – Konstantinos Farsalinos, Christopher Russell, George Lagoumintzis, Konstantinos Poulas (Em ingles)
Vaporar pode ajudar os fumantes a pararem de fumar?
Costuma-se afirmar que o cigarro eletrônico não tem efeito sobre o status de fumante dos usuários, ou mesmo que o vaping impede a cessação do tabagismo. No entanto, houve pelo menos três estudos em 2017, que apoiam o vape como uma forma viável de reduzir ou parar de fumar.
Este estudo usou dados do Censo dos EUA para mostrar que o vape ajuda mais fumantes a tentar parar de fumar e que os fumantes que tentam parar de fumar com o vape, conseguem com mais frequência.
“O uso de cigarros eletrônicos foi associado tanto a uma taxa de abandono mais elevada para indivíduos como a nível populacional; impulsionando um aumento no número total de pessoas desistindo de fumar”, disse o autor Shu-Hong Zhu.
Uso de cigarros eletrônicos e mudanças associadas na cessação do tabagismo na população: evidências dos inquéritos populacionais atuais dos EUA – Shu-Hong Zhu, Yue-Lin Zhuang, Shiushing Wong, Sharon E Cummins, Gary J Tedeschi (Em inglês)
Há níveis perigosos de formaldeído?
Uma carta anunciando uma pesquisa de 2015 para o New England Journal of Medicine, causou um alvoroço quando seus autores alegaram que os cigarros eletrônicos emitiam níveis perigosos do formaldeído cancerígeno. O estudo foi imediatamente desafiado por usar equipamento primitivo em níveis de tensão excessivamente altos.
O estudo do formaldeído no qual a carta foi baseada foi desmascarado em um estudo de replicação de 2017, que descreve em detalhes como os pesquisadores originais usaram máquinas de fumar para produzir “sopros secos”, que são tão desagradáveis que nenhum vaper conseguiria inalar repetidamente.
“Na verdade, esses testes de cigarros eletrônicos não são muito diferentes de superalimentar alimentos a ponto de se tornarem uma parte carbonizada não comestível e depois presumir que os consumidores a consumiriam e seriam expostos aos compostos cancerígenos resultantes em sua rotina diária”, escreveu o autor principal Konstantinos Farsalinos. “Levando em consideração que cigarros eletrônicos são menos prejudicial do que fumar, uma afirmação omissa pode resultar em enganar os fumantes, os levando indevidamente a pensar que há pouco a ganhar com a mudança para os cigarros eletrônicos.”
Cigarros eletrônico emitem níveis muito elevados de formaldeído apenas em condições que são aversivas aos usuários: Um estudo de replicação sob condições realistas de uso verificadas – Konstantinos E. Farsalinos, Vassilis Voudris, Alketa Spyrou, Konstantinos Poulas (Em inglês)
O vape é uma porta de entrada para adolescentes começarem a fumar?
Muitos céticos sobre o vape expressam o medo de que cigarros eletrônicos levem usuários adolescentes ingênuos a começar a fumar, desfazendo décadas de progresso na redução do consumo de cigarros entre adolescentes. Se você está preocupado com isso ou não, o fato é que isso não está acontecendo. Na verdade, desde o advento do vape, o tabagismo entre adolescentes caiu rapidamente para o seu nível mais baixo até hoje. Apenas 4,2 por cento dos alunos do 12º ano fumavam em 2017, de acordo com o Centro de controle e prevenção de doenças americano. Compare isso com 24,6% em 1997.
Um documento de 2017 de dois veteranos do controle do tabagismo sugere que, não apenas o vape não está levando a um aumento do tabagismo entre os adolescentes, mas também, pode servir como um impulso na direção oposta, levando os potenciais fumantes impressionáveis a se afastarem dos cigarros tradicionais.
“Embora exista pesquisa para apoiar os dois lados do argumento, concluímos, atualmente, que o uso de cigarros eletrônicos pelos jovens dificilmente aumentará o número de futuros fumantes de cigarro”, escreveram os autores. “É possível que possamos ter o nosso bolo e comê-lo também? Talvez, especialmente se políticas abrangentes de redução de danos possam ganhar um lugar nos esforços modernos de controle do tabaco.”
Adolescentes e e-cigs: objetos de preocupação podem parecer maiores do que são – Lynn Kozlowski e Kenneth Warner (Em inglês)
O vape pode ajudar a reverter a DPOC em fumantes?
O tabagismo é a maior causa isolada de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e, infelizmente, muitos fumantes com a doença permanecem incapazes de parar de fumar, mesmo após o diagnóstico.
Este estudo de três anos mostrou que um grupo de pacientes com DPOC que fumavam poderia ter alguns dos danos causados pela doença revertidos pelo vapor. Os fumantes que mudaram para produtos de vapor mostraram melhora na saúde geral, e alguns efeitos da DPOC (como infecções respiratórias) foram reduzidos.
“Parar de fumar é uma estratégia fundamental não apenas para prevenir o início da DPOC, mas também para impedir sua progressão para estágios mais severos da doença”, disse o principal autor do estudo, Riccardo Polosa. “Dado que muitos pacientes com DPOC continuam a fumar apesar de seus sintomas, o cigarro eletrônico pode ser uma alternativa eficaz e segura aos cigarros de tabaco também nessa população vulnerável.”
Efeitos na saúde de fumantes com DPOC que mudam para o cigarro eletrônico: um retrospectivo prospectivo de três anos de acompanhamento – Riccardo Polosa, Jaymin Bhagwanji Morjaria, Umberto Prosperini, Cristina Russo, Alfio Pennisi, Rosário Puleo, Massimo Caruso, Pasquale Caponnetto (Em inglês)
Revisões abrangentes de pesquisas sobre vape:
Existem vários documentos abrangentes que analisam grande parte da ciência existente sobre o vapor e avaliam os riscos e benefícios gerais. Os três mais conhecidos estão listados abaixo. As duas resenhas britânicas chegam a conclusões mais otimistas do que a americana, mas todas as três – (spoiler!) – concluem que o vape apresenta muito menos risco do que fumar.
- National Academies of Sciences, Engineering and Medicine (Em inglês)
Consequências da Saúde Pública dos E-cigs (2018)
- Health England (Em inglês)
E-cigs e produtos de tabaco aquecidos: revisão de evidências (2018)
- Royal College of Physicians (Em inglês)
Nicotina sem fumo: redução de danos ao tabaco (2016)
O que é mais útil sobre os estudos, é que eles estão indexados, para que você possa encontrar o tópico de maior interesse e ler os pontos principais, ou realmente se preparar e mergulhar a fundo no assunto.
Quem financia estudos sobre cigarros eletrônicos?
A maioria dos estudos americanos de vaping é financiada por dólares do governo – principalmente pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) ou pelo Centro do FDA para Produtos de Tabaco, ou uma combinação dos dois. As taxas pagas pelas empresas de tabaco (não pelas empresas ligadas ao vape) ao FDA financiam a pesquisa de saúde vaping aprovada pelo NIH e FDA.
Os critérios de subsídio para financiamento conjunto do NIH / FDA incluem perguntar se a pesquisa de vape proposta aumentará a capacidade do governo de “regular melhor” os produtos de tabaco (o que inclui cigarros eletrônicos). Muitos pesquisadores acham que isso predispõe que a maioria das pesquisas de vape se concentrem mais nos riscos prováveis de vaporar do que nos potenciais benefícios.
Onde está a prova irrefutável?
Se você quiser encontrar provas de que o vape é seguro ou de que traz um sério risco à saúde, sinto informar, elas não existem. Não existe um estudo sobre vape que resolva todas as questões. Mas esperamos que a ciência apresentada aqui tenha lhe dado algumas coisas a considerar, e talvez isso provoque ainda mais sua curiosidade e encoraje você a fazer pesquisas adicionais por conta própria.