1ª Turnê Latino-Americana sobre o Estado Global da Redução de Danos Causados pelo Tabagismo

Spoiler: o Vaporacast esteve lá!

O que é a COP 10?

O Convênio Marco para o Controle do Tabaco (CMCT) é o tratado internacional elaborado em resposta à crise de saúde pública causada pelo consumo de tabaco e o tabagismo, criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Nas reuniões bienais da “Conferência das Partes” (COP), as decisões sobre a implementação do CMCT são tomadas pelos países (Partes) que ratificaram o acordo. A décima reunião da Conferência das Partes (COP10) do Convenio Marco da OMS para o Controle do Tabaco será realizada em novembro de 2023 em Panamá.

Sobre o evento

O evento foi como se fosse um super intensivo sobre ativismo e redução de danos. A abertura foi feita por Francisco Ordoñez, presidente da ARDT Iberoamérica e ASOVAPE Colômbia, juntamente com Suely Castro, coordenadora de eventos da KAC. O primeiro bloco de palestras do dia 28 parecia ser voltado para ativistas, com os seguintes temas tratados:

  • Tomás O’Gormann (México) – Redução de riscos e danos do tabagismo: regulamentação baseada em evidência e COP 10: desafios e oportunidades.
  • Por novas perspectivas e melhores resultados: O ativismo e o panorama regulatório a partir do ponto de vista do consumidor latino-americano. Mesa redonda entre Ignacio Leiva (Chile), Jeff Zamora (Costa Rica), Julián Quintero (Colômbia), moderada por Francisco Ordoñez (Colômbia).
  • Juan José Cirion Lee (México) – Redução de danos e direitos humanos à luz da COP 10.
  • Ethan Nadelmann (EUA) – Políticas de drogas nas Américas: quando os EUA erram, a América Latina sofre.

Ao assistir a essas palestras, as fichas foram caindo aos poucos na minha cabeça. As principais idéias eram:

  • A redução de danos do tabagismo só não é vista por quem escolhe negligenciar as evidências científicas.
  • A luta pela regulamentação justa do vapor é difícil em qualquer lugar e todos nós já passamos ou estamos passando pelos mesmos desafios. A melhor maneira de superá-los é através da formalização e união das comunidades pró-vapor.
  • Reduzir danos é um direito humano, portanto, devemos exigir este direito.
  • Se somos ativistas, não podemos ser tímidos. Precisamos ter coragem.
  • Não estamos sozinhos.

Durante essas palestras, percebi o quão avançada está a América Latina em relação ao Brasil. Primeiro, observei que a maioria dos convidados eram membros das ASOVAPE de seus respectivos países. A ASOVAPE do Chile conseguiu chegar ao presidente da república. A ASOVAPE do Peru está entre as entidades consultadas para tratar das propostas de regulamentação do país. A ASOVAPE da Colômbia está organizando congressos e eventos de maneira profissional.

Percebi que o grande diferencial deles era a união. A América Latina está unida na causa da redução de riscos e danos do tabagismo, e o Brasil precisa fazer parte disso também. Foi nesse momento que percebi que já era hora do Vaporacast voltar, pois sabemos que podemos ajudar a unir o Brasil ao resto da América Latina.

“El concepto de reducción de daños y los derechos humanos” por Juan José Cirion Lee, presente do autor ao Vaporacast.
Depois do café, o segundo bloco.

Enquanto o primeiro bloco do evento era mais focado no ativismo e nas regulamentações do tabagismo, o segundo teve uma abordagem mais médica e científica. As palestras apresentadas foram as seguintes:

  • Dra. Carmen Escrig (Espanha) e Dr. Enrique Teran (Equador): O desafio de transformar médicos em promotores da redução de danos. O que é necessário para que um médico se envolva na defesa da redução de danos causados pelo tabagismo?
  • Educação, conscientização, conhecimento: Os desafios dos profissionais de saúde latino-americanos na adesão ao paradigma de redução de danos. Mesa-redonda entre Dr. Diego Verrastro (Argentina), Dr. Enrique Teran (Equador) e Dr. Hugo Caballero Durán (Colômbia), moderado pelo Dr. Randall Rodriguez Obando.
  • Dra. Silvia Cazenave (Brasil): Aspectos toxicológicos da redução de danos do tabagismo.
  • Dr. Roberto Sussman (México): Difundindo a ciência e neutralizando a desinformação nas instituições de saúde pública e na mídia da América Latina.

Em seguida, houve a palestra da Dra. Silvia Cazenave, que além de comentar sobre os aspectos toxicológicos nos cigarros eletrônicos, explicou também a diferença entre vaporizar e fumar – o que acontece com o nosso corpo quando fumamos e quando vaporizamos. A Dra. Silvia foi a única palestrante brasileira no evento e aproveitámos para convidá-la a participar do nosso podcast. (Já fizemos a gravação, assim que for publicado, incluirei o link aqui também!)

A última palestra foi ministrada pelo Dr. Roberto Sussman e teve o clima perfeito para o encerramento. De maneira muito bem humorada, o palestrante apresentou os argumentos ideais para as principais falácias relacionadas à redução de danos. Além disso, o Dr. Roberto aproveitou seu tempo para denunciar o resultado de uma longa revisão de diversos estudos científicos, demonstrando “A+B” que a ciência está sim do nosso lado.

O Afterparty

Após o coquetel, que é tradicional em eventos como esse, fomos convidados a nos juntar aos outros participantes para tomar um drink e comemorar o sucesso do evento, além de conhecer nossos colegas ativistas da América Latina.

Como esperado, foi um sucesso! As pessoas que antes eram apenas “contatos no WhatsApp” agora tinham rosto e voz. E como todos somos vapers, a união foi automática.

Entre um pisco sour e muitas risadas, fomos convidados para participar do GFN – Global Fórum de Nicotina, que acontecerá em junho, em Varsóvia, Polônia.

A galera toda!
O retorno do Vaporacast

Depois de ter passado por essa experiência incrível, decidi adicionar um novo item à missão deste projeto.

Agora, além de desmistificar o uso dos cigarros eletrônicos no Brasil, trabalharemos duro para integrar ainda mais a comunidade brasileira com a comunidade latino-americana.