3 Fatos equivocados que o Jornal Nacional Exibiu

Na noite do dia 09 de agosto de 2019, o Jornal Nacional exibiu uma matéria alertando sobre os “perigos” do cigarro eletrônico, ou como preferimos dizer, do Vape. 

Porém, achamos que foram injustos com as informações apresentadas. Discordamos em inúmeros pontos, e até onde a gente concorda – que o vape não é para crianças, discordamos do argumento dado – de que tudo é feito para atrair o público jovem.

Vamos discutir abaixo os três pontos principais, com direito a “bônus round” os fatos que nos incomodaram nessa reportagem do Jornal Nacional. E para não ficarem dúvidas no ar, deixaremos todas as fontes ao fim do post.

Afirmação 1: O usuário que nunca fumou pode se sentir atraído a fumar algo que ele considera “menos nocivo”.

Não é fé. É fato!
O estudo realizado em 2015 e revisado em 2018 pelo PHE – Public Health England sobre os cigarros eletrônicos foi bastante enfático: Vaporar é ao menos 95% mais seguro do que fumar cigarros convencionais.
Dentro desses 95% já está incluso o risco de que pode levar “nunca fumantes” a fumarem cigarros convencionais, porém, desde 2015 até o momento não existem evidências de que essa transição possa ocorrer.

Afirmação 2: O cigarro eletrônico desestimula o fumante a parar de fumar.

Muito pelo contrário.
A pesquisa liderada pelo PhD Peter Jalek, diretor da Wolfson Institute of Preventive Medicine’s Tobacco Dependence Research Unit at Queen Mary University of London, concluiu de que o cigarro eletrônico, como método de parar de fumar (e se manter sem fumar) tem o dobro de eficácia quando comparados aos métodos tradicionais, como chicletes, balas e adesivos de nicotina.

Para reforçar, também tem outro estudo da UCL – University College of London, que corrobora a pesquisa realizada pelo PhD Peter Jalek. Mostra que se a transição for feita em conjunto com suportes motivacionais – como grupos de ex fumantes, por exemplo, o sucesso pode chegar a até 95% de eficácia. Outro ponto da mesma pesquisa questiona os métodos tradicionais, que conseguem no máximo 34% de sucesso.

É isso mesmo Jornal Nacional? É melhor que a população foque em apenas 34% de eficiência?

Afirmação 3: O ex fumante, depois de muita luta, pode ser seduzido a voltar a fumar.

O estudo realizado em 2018 pela East Anglia University no reino Unido começou com a seguinte questão:

“A idéia de utilizar cigarros eletrônicos para parar de fumar, especialmente no longo prazo, permanece controversa”.
“Queremos descobrir como as pessoas utilizam o cigarro eletrônico e como vaporar lida com a abstinência a longo prazo”.

E a conclusão foi:

“Descobrimos que vaporar pode ajudar na abstinência a longo prazo do cigarro. Não apenas substitui muitos dos elementos físicos, psicológicos, sociais e culturais do cigarro, mas é prazeroso à sua maneira, além de conveniente e mais barato do que fumar.”

“O grupo de estudos também sentia melhoras na saúde – foram notadas melhorias no sistema respiratório, paladar e olfato”

E fica ainda mais interessante:

O mais interessante que descobrimos é que vaporar também pode ajudar pessoas que nem sequer pensavam em parar de fumar a finalmente parar. Enquanto a maioria do grupo relatou inúmeras histórias e tentativas de largar o cigarro, a minoria (17%) disse que gostavam de fumar e nunca tinham tentando parar de verdade.

Estes são os nossos “ex fumantes acidentais”, diz a Dr Notley. “Eles não tinham intenção de parar de fumar, mas acabaram vaporando porque algum amigo ofereceu para eles. Somente a partir desse momento que encararam o vaping como um substituto em potencial ao cigarro.

E agora, a cereja do bolo:

Também descobrimos que algumas das pessoas tiveram sim recaídas para o cigarro, a maioria delas por motivos emocionais ou sociais, porém não necessariamente levaram a uma recaída total.

Acho que estamos bem já de argumentos né?
Vapers não querem voltar a fumar!

Bonus Round: Dr Dráuzio Varella, sobre “o vapor é feito para as crianças”.

Doutor, apenas não.
Não tenho em mãos nenhum estudo sobre “o formato de pendrive é para comunicar com as crianças”, pois nem pendrive a gente usa mais – A moda agora é salvar as coisas na nuvem – (sim, a piada foi intencional).

A comunidade Vaper brasileira, e inclusive o próprio Vaporacast, querem a regulamentação do cigarro eletrônico justamente porque queremos regras no mercado. Queremos garantir que este produto não chegue nas mãos de quem não precisa e de quem não deve.

A única coisa que separa as nossas crianças de vaporarem, além do preço abusivo que pagamos em nossos equipamentos, é a ética do vendedor. Tratando-se de um produto que tem sua venda proibida em mercado nacional, temos que literalmente confiar em um “Robin Hood” que se importa com a saúde dos mais jovens.

Queremos regras, limites, legitimidade.
Queremos poder fazer uma escolha de redução de danos para os fumantes brasileiros.
Queremos ter acesso a um produto que é 95% mais seguro, e que tem 95% de sucesso de largar o cigarro.

O tabagismo se combate com informação e não com o medo.


Fontes:

Além das fontes serem confiáveis, estão super atualizadas!
https://tinyurl.com/y3yo7ku4 – (2019) A Randomized Trial of E-Cigarettes versus Nicotine-Replacement Therapy.
https://tinyurl.com/y3js9xm8 – (2018) How vaping helps even hardened smokers quit.
https://tinyurl.com/y63a4z88 – (2019) E-cigarettes and heated tobacco products: evidence review.
https://tinyurl.com/yxb4c8nv – (2019) E-cigarettes may double success rates for those quitting smoking